Páginas

24 de fev. de 2020

MOSES - conto





A consciência veio lentamente se misturando ao sonho; a música trazida pelo fone de ouvidos do celular em um canto do travesseiro a despertava.
Eles estavam tão pertinho, se olhando com ternura e desejo...
Não, não queria acordar daquele doce sonho, só mais um instante...

Para sua tristeza, sonhos não são opcionais, têm autonomia e não dependem de nossa vontade.

Coincidência...O sonho, o acordar justamente com aquela música...MOSES.
Repassou mentalmente cada cena com medo de que elas se perdessem como a maioria das imagens de sonhos, em um mundo de fantasias perdidas, sonhos ou pesadelos não vividos que logo esquecemos.

Acordou do sonho que um dia sonhou acordada há muito tempo.

***

Quando a vida se arrastava, os passos não tinham  rumo, o dia era morno e o sono das noites era o refúgio, encontrou nos olhos dele a luz que acendeu novamente sua alma.
Cada passo, literalmente (e só literalmente) aumentava a esperança de encontrá-lo. 
Seu coração transbordava de uma alegria sem explicação ao imaginar o possível encontro de seus olhos naquelas tardes onde o sol ameno iluminava os olhos mais doces e "falantes" que já vira . 
Provavelmente aqueles olhos não falassem a sua língua, mas era a que ela desejava, uma necessidade de se agarrar a vida e assim acreditava naquela linguagem mágica, quase sempre muda.
Caminhava pelas calçadas como se pisasse em nuvens, imersa nas baladas e rocks arquivados no velho MP3 player, o coração pulsando na esperança de vê-lo nem que fosse de longe.

Nas vezes que seus olhos se encontravam gravava na retina aquele rosto lindo, moldado de luz e ternura.
Era o alimento para suas fantasias e seus dias.

Passagem de O Pequeno Príncipe, a raposa para o principezinho:

-Minha vida é monótona. Eu caço galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso me aborreço um pouco.Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol.Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra.O teu me chamará para fora da toca,como se fosse música.

A toca era a vida inanimada que a abrigava, solitária e invisível.
Ele era o raio de sol.
Se ele sorria, seu coração disparava, sorria por fora e por dentro, sentia uma vontade imensa de dançar, sozinha rodopiar, pular, deixar o corpo fluir no ritmo da  música e do prazer daqueles míseros e profundos instantes.

Passagem de O Pequeno Príncipe, a raposa para o principezinho:

E depois,olha! Vês lá longe,os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil.Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo,que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo…
campos de trigo
Ainda hoje ela imagina o barulho do vento no trigo
e lembra dele agradecida
pela luz

Não o cativou, nem era a intensão, embora tivesse lhe contado de seu amor, era um querer não querendo. 
Ela só precisava da força daquele sentir vibrando em si.

Iludiu-se conscientemente até se incomodar com o  insensato amor que preenchia seu vazio.

Tudo que tinha era apenas olhares e sempre seria assim até o dia que seus olhos não mais pudessem se encontrar, seus rumos encontrassem outros caminhos que não se cruzassem. 


Onde estaria o botão de basta, se não dentro dela? Como desapegar de um amor sentido nas tardes vazias de si e do mundo?

Não foi um processo instantâneo como o encantamento, ridicularizou-se diariamente, como as cartas de amor.

Procurou pelos corredores em busca  dele, subiu e desceu escadas na esperança e vergonha íntima dessa perseguição visual e emocional que dominava sua mente.
Subiu aos céus e desceu. Várias vezes.

Naquele dia quando o avistou ao longe, parou os passos, era risível e insensata essa busca.
Desviou o caminho, decidiu do fundo do coração, deixar aquele céu iluminado: 

-Agora chega!


***

QUASE, NADA, TUDO.  divagação


Dias desses ao longo do passar a vida alguns amores poderiam ter acontecido: um leve toque de mãos inesperado, um encontro de olhares mais profundo, um sentar lado a lado e conversar sentindo o perfume fresco perturbador, afinidades de alma e vida...

Eles não aconteceram, os encontros não são de exata, são de ética, nem sempre é o momento certo, acabam ficando no bem querer fraterno, num cantinho do coração.


Hora errada e  cabeça dura coloca infames no percurso. Livrai-nos de todo o mal, esses não contam.

Uma coisa é certa, os bem vividos enquanto duram, deixam boas lembranças e/ou  frutos.

O único amor que possuímos (pelo menos teoricamente) é o nosso.
Ninguém é dono do amor do outro.


Dalva Rodrigues
24/02/2020







14 de fev. de 2020

Caderno de Perguntas 4

By Chica

Postarei uma foto pessoal (ou vídeo) relacionada ao tema, mas não responderei as perguntas.

Perguntas aleatórias e respostas livres, nos comentários.

E aí, vamos encarar? 

Sintam-se à vontade, o post é dos amigos e amigas!

*****
                                                                               
Há (ou achamos que há) cobrança o tempo todo da família, amigos, redes sociais...Nesta perspectiva:

Que importância tem na sua vida o que as pessoas pensam sobre você? 

Você cobra, tem expectativas em relações aos outros?