Tenho pressa
Uma pressa sem sentido
Com todo o sentido
De tudo...
Ou de nada.
Recolher
livros, fotos, papéis
Publicar
os rascunhos
Desatar
nós
Arejar a
casa
Varrer o
quintal
Podar as
árvores
Lavar
as roupas
Ao cair da noite repousar
Aliviar o peso dos anos
Adormecer
ouvindo vozes do passado
Limite
quase palpável do presente.
Texturas,
odores
Passos
Acordes
de viola
Brasa no
fogão
Filão de
pão
Café
coado
Pé no chão.
Lá fora o
dia brota
Ouço o sarilho
cantando
O balde
que salta
Agua
fresca que sobe
Salpicando
estrelas
Quando
beijada pelo sol.
Caneca de
alumínio areado
Sede
matada.
Chão de
terra socada
Chitas no
varal
Pipas
Árvores
Frutas
Balanços
Risos
Latidos
Livros
Pirilampos
Lamparinas
Cantorias
Noites de
neblina
Fecho os olhos...
Abro e já é dia
Acordo do
ontem
E ainda é
vida.
Nos
ponteiros das lembranças
Muito
tempo se passou
Vida que passa
Tudo que se foi
Tudo se
faz presente.
Lá fora o mesmo sol
No
quintal limoeiro seco
Não é o
pé de laranja lima
Este, cortaram há muito tempo.
A água
sai da torneira
Não tem
som de guizos
Nem
lembram pequenos príncipes.
Pelos
dourados
Tornaram-se
ninhos de pardais.
Não sei
de onde vem
Esta
urgência em arrumar meu desarrumado
Muito
menos para onde vai.
Só sinto
que preciso estar pronta
Ajeitar
na mala da vida
Tudo que
é tanto
E no
entanto é nada.
Talvez
nem precise dela.
E mesmo que seja assim
Quero estar pronta
Alma sempre lavada
Batom rosa
Sorriso nos lábios.
O que não sei
Sei, me espera!
Dalva Rodrigues
Foto retirada do Google/imagens
Sem fins lucrativos