Ainda sob efeito do livro O Silêncio das Montanhas - Khaled Hosseine que terminei esta semana...
O autor é de uma sensibilidade sem tamanho quando se trata de sentimentos, navega pelas almas dos personagens, suas tempestades e calmarias, impossível não se emocionar. Neste livro ele relata histórias paralelas de personagens que de alguma forma têm uma ligação...Ao longo dos anos...no trem da vida.
Pensei em todas as pessoas que passaram pela minha vida, que em algum momento estivemos no mesmo vagão da vida, embarques com doces surpresas, outros nem tanto, desses raramente me lembro, ainda bem!
Meus pais não eram de mimar, abraçar e beijar, acho que naqueles tempos isso não era comum como hoje, nem diziam 'eu te amo', mas eram carinhosos ao modo deles, seja meu pai cantando para mim uma música à luz de lampião, minha avó me ensinando crochet ou minha mãe fazendo uma sopa para as tardinhas de sábado para assistirmos Disneylândia...
Não esqueço desses e de outros tantos momentos, como não esqueço dos amigos vida afora, as brincadeiras, conversas sem fim (incrível como jovens têm assunto) risadas das palhaçadas, aventuras, confidências...
Também não esqueço dos bons amores.
A vida passa para todos, nos muda talvez não na essência, mas cada um percorreu seu caminho, traçou sua história e construiu suas próprias verdades, de certa forma somos outros.
De repente nos vemos no mesmo vagão, muitas vezes o entrosamento não existe mais, as diferenças produzidas pelo tempo são escancaradas e as vezes o convívio não é razoável, temos então todo o direito de não querer estreitar relações se os risos e espontaneidade não se fazem presentes como outrora, se as diferenças são mais relevantes que as afinidades. Aliás isso serve para as novas amizades também.
E alguns dirão que desisto das pessoas, mas na verdade respeito o direito das pessoas de desistirem de mim, principalmente quando o motivo é eu ser a pessoa que sou.
No entanto, até o fim da linha, jamais negarei o afeto que vivi e a alegria dos laços de carinho, eles são parte do que sou e serei eternamente grata, nada apagará.
Tudo na vida é passageiro, as alegrias e tristezas, as
pessoas...Nós nos vamos, de uma forma ou de outra, cedo ou tarde
desceremos do trem da vida.
O silêncio das Montanhas...Cada um tem sua história e entende a linguagem do seu silêncio.
Suas mão fortes seguravam-me pelos braços e
pulávamos as ondas branquinhas..
Banhei suas mãos frágeis e cansadas...
.