31 de jan. de 2020
Caderno de Perguntas 3
Marcadores:Peças Decorativas e/ou Utilitárias
perguntas
24 de jan. de 2020
O pasto de capim gordura
Minha infância aconteceu na Vila Liviero, divisa com São Bernardo do Campo, nossa humilde casa, o quintal, a rua, seus moradores, comércio, eventos como quermesse, a chegada do circo ou parquinhos de diversão...
Fora dele, o mundo era só promessa de aventuras, nos arredores tinha cinema, a Cidade das Crianças, Museu do Ipiranga, Parque Estoril, Zoológico, logo ali seguindo a Via Anchieta (meu bairro era no Km 13) começava a Serra do Mar exuberante, a estrada velha de Santos que ligava o litoral, que poucas vezes fui em excursões com direito a frango frito com farofa e fotografia preto e branco em frente ao ônibus com toda turma.
Mas esses passeios não eram a regra, diversão infantil era por ali mesmo na vila.
Da janela da frente de minha casa avistava o terreno que comentavam ser da Ford, mas acho que só uma parte era, onde havia o pátio de automóveis, o restante uma enorme área verde.
Este terreno em declive de mais de 1 quilômetro ao lado do pátio chamávamos de pastão da Ford, um paraíso para brincar, empinar pipas, onde cavalos e bois pastavam, um ou outro casebre distante um do outro, algumas hortas, árvores, cercas de madeira e arames farpados querendo impor algum limite para invasores, mas facilmente transponíveis pela molecada.
De manhã cedinho acordava com os apitos das muitas fábricas nos arredores, abria a janela e olhava lentamente a névoa que cobria o pastão se dissipando aos poucos com a chegada da luz matutina, parecia cenário de filme, a lente se abrindo aos poucos para o dia acontecer para a natureza e para as pessoas.
Quando o capim gordura estava alto, a tela que via da janela era outra, quase tudo se tingia de rosa avermelhado, compondo uma tela viva inesquecível em minha memória.
No entanto era quando o capim estava baixo que mais brincávamos lá.
Certa vez eu e alguns amigos atravessamos a estreita e perigosa pinguela do córrego, fomos fazer um piquenique por lá, para isso imagino que caminhamos mais de um quilômetro.
Toalha embaixo da árvore solitária mais frondosa, comidas, brincadeiras, risadas...
A infância simplesmente se derramava alegremente.
Sem câmeras fotográficas para registrar.
Depois o descanso. Deitada no chão observava a vida agitada dos insetos que zanzavam por lá, era tão mais interessante observar assim de pertinho...Formigas incansáveis carregando seus fardos verdinhos de alimentos ou querendo compartilhar das migalhas do nosso "banquete", vários cupinzeiros que pareciam corcovas de camelos espalhados pelo pasto, tico-ticos e outros pássaros se abrigando do sol na árvore majestosa cuja sombra nos abrigava também.
Ao longe avistava minha rua, a janela tão pequenininha de onde olhava o pasto.
O tempo começava a fechar...
Devia ser verão, calor intenso, as nuvens branquinhas que observávamos brincando e rindo de suas formas foram escurecendo e logo raios e trovões anunciavam a tempestade de verão chegando.
Sem consciência do perigo de sermos atingidos por raios, ficamos embaixo da árvore gigante esperando para irmos embora quando a chuva passasse.
E fomos protegidos, por sorte voltamos para casa todos intactos, apenas com chinelos enlameados, felizes com nossa aventura da qual nossos pais nem tiveram conhecimento.
Isso foi há muito tempo, devia ter uns 10 anos, nem pensava que aquilo tudo seria tomado pelo progresso que engole as paisagens naturais em todo lugar onde habita o bicho Homem.
Em 30 de outubro 2019 li a notícia de que seria o último dia de funcionamento da unidade da Ford do Taboão em São Bernado do Campo.
Aos poucos as montadoras estão indo embora, novos tempos, novas tecnologias, mão de obra sendo descartada, os poderosos se adequando preferencialmente aos seus "negócios", nunca as pessoas.
Os apitos das fábricas agora são raros.
Tudo aquilo já não existe, deu lugar a necessidades humanas como hipermercado, muitos condomínios separados do velho córrego mal cheiroso por um muro bem alto, separando realidades diferentes da mesma espécie.
Lá longe no tempo passado, olhava o pastão de minha janelinha e de certa forma ainda posso olhar enquanto as memórias não se apagarem totalmente.
O capim gordura no "meu pastão" era e é lindo de olhar.
Fora dele, o mundo era só promessa de aventuras, nos arredores tinha cinema, a Cidade das Crianças, Museu do Ipiranga, Parque Estoril, Zoológico, logo ali seguindo a Via Anchieta (meu bairro era no Km 13) começava a Serra do Mar exuberante, a estrada velha de Santos que ligava o litoral, que poucas vezes fui em excursões com direito a frango frito com farofa e fotografia preto e branco em frente ao ônibus com toda turma.
Mas esses passeios não eram a regra, diversão infantil era por ali mesmo na vila.
Da janela da frente de minha casa avistava o terreno que comentavam ser da Ford, mas acho que só uma parte era, onde havia o pátio de automóveis, o restante uma enorme área verde.
Este terreno em declive de mais de 1 quilômetro ao lado do pátio chamávamos de pastão da Ford, um paraíso para brincar, empinar pipas, onde cavalos e bois pastavam, um ou outro casebre distante um do outro, algumas hortas, árvores, cercas de madeira e arames farpados querendo impor algum limite para invasores, mas facilmente transponíveis pela molecada.
De manhã cedinho acordava com os apitos das muitas fábricas nos arredores, abria a janela e olhava lentamente a névoa que cobria o pastão se dissipando aos poucos com a chegada da luz matutina, parecia cenário de filme, a lente se abrindo aos poucos para o dia acontecer para a natureza e para as pessoas.
Quando o capim gordura estava alto, a tela que via da janela era outra, quase tudo se tingia de rosa avermelhado, compondo uma tela viva inesquecível em minha memória.
No entanto era quando o capim estava baixo que mais brincávamos lá.
Certa vez eu e alguns amigos atravessamos a estreita e perigosa pinguela do córrego, fomos fazer um piquenique por lá, para isso imagino que caminhamos mais de um quilômetro.
Toalha embaixo da árvore solitária mais frondosa, comidas, brincadeiras, risadas...
A infância simplesmente se derramava alegremente.
Sem câmeras fotográficas para registrar.
Depois o descanso. Deitada no chão observava a vida agitada dos insetos que zanzavam por lá, era tão mais interessante observar assim de pertinho...Formigas incansáveis carregando seus fardos verdinhos de alimentos ou querendo compartilhar das migalhas do nosso "banquete", vários cupinzeiros que pareciam corcovas de camelos espalhados pelo pasto, tico-ticos e outros pássaros se abrigando do sol na árvore majestosa cuja sombra nos abrigava também.
Ao longe avistava minha rua, a janela tão pequenininha de onde olhava o pasto.
O tempo começava a fechar...
Devia ser verão, calor intenso, as nuvens branquinhas que observávamos brincando e rindo de suas formas foram escurecendo e logo raios e trovões anunciavam a tempestade de verão chegando.
Sem consciência do perigo de sermos atingidos por raios, ficamos embaixo da árvore gigante esperando para irmos embora quando a chuva passasse.
E fomos protegidos, por sorte voltamos para casa todos intactos, apenas com chinelos enlameados, felizes com nossa aventura da qual nossos pais nem tiveram conhecimento.
Isso foi há muito tempo, devia ter uns 10 anos, nem pensava que aquilo tudo seria tomado pelo progresso que engole as paisagens naturais em todo lugar onde habita o bicho Homem.
Em 30 de outubro 2019 li a notícia de que seria o último dia de funcionamento da unidade da Ford do Taboão em São Bernado do Campo.
Aos poucos as montadoras estão indo embora, novos tempos, novas tecnologias, mão de obra sendo descartada, os poderosos se adequando preferencialmente aos seus "negócios", nunca as pessoas.
Os apitos das fábricas agora são raros.
Tudo aquilo já não existe, deu lugar a necessidades humanas como hipermercado, muitos condomínios separados do velho córrego mal cheiroso por um muro bem alto, separando realidades diferentes da mesma espécie.
Lá longe no tempo passado, olhava o pastão de minha janelinha e de certa forma ainda posso olhar enquanto as memórias não se apagarem totalmente.
O capim gordura no "meu pastão" era e é lindo de olhar.
Capim gordura também conhecido como capim rosa-chá |
Vista de uma pequena parte do pastão uns 8 anos depois deste episódio. O progresso já ocultava/recortava minha tela natural |
Participei do quadro Conte Sua História de São Paulo da rádio CBN com esse texto numa versão mais curta, mas com narrativa e sonorização deliciosa. Se quiserem ouvir, link abaixo:
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Prosa
17 de jan. de 2020
Caderno de Perguntas 2
Perguntas aleatórias feitas a cada 2 semanas (na sexta) e respostas livres, nos comentários.
E aí, vamos encarar?
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perguntas
4 de jan. de 2020
Caderno de Perguntas 1
Mimo lindo que ganhei da querida, Chica para ilustrar o novo marcador |
Postarei uma foto pessoal relacionada ao tema, mas não responderei as perguntas.
Por enquanto é só um teste, dependendo da aceitação continuo ou não.
Perguntas aleatórias e respostas livres, nos comentários.
E aí, vamos encarar?
Sintam-se à vontade, o post é dos amigos e amigas!
Qual ou quais suas recordações dos primeiros dias de aula em sua infância?
Sobrinho Raphael na beleza de seus 8 anos, apresentação na escola evangélica.
Aprovadíssimo como padeiro ou confeiteiro
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