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31 de ago. de 2011

Destino no Asfalto

Mais um dia de trabalho e lá vai o motoqueiro pelas ruas de São Paulo, personagem anônimo na imensa paisagem de concreto da grande cidade, insólito em seu tricotear busca os espaços que o levam ao destino da rotina diária do existir.
Mas ele não vê que o destino pode estar logo ali à frente, escondido no asfalto sob as águas turvas da chuva que castiga  a cidade cinza e apressada que alimenta e também devora seus habitantes. O destino ignora os sonhos do personagem...lar, amores, laços, abraços, risos e choros espalhados pelo ar...
Um segundo e o destino se faz: a vida é lançada aos ares, cai simplesmente o corpo estatelado no asfalto, o sangue sendo lavado pelas águas da chuva, novamente atrapalhando o tráfego de mais um dia frio e cruel na cidade que não pode parar.
Rapidamente o burado é tapado, será chamado de fatalidade camuflando o descaso, a omissão. A vida dos sobreviventes continua escrevendo a cada dia seu próprio destino...até encontrar um buraco no chão.
Um pai, um filho, um amante...hoje mais um alguém não vai voltar para casa.

Postagem original: Publicado em: 28 de outubro de 2009 às 9:26



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